Como a mudança climática impacta os eventos extremos

Como a mudança climática impacta os eventos extremos

Os modelos usados para provar que existe uma relação entre as mudanças climáticas e os eventos ambientais extremos nem sempre foram confiáveis. Isso aconteceu devido à falta de dados, bem como a falhas nos modelos climáticos antigos.

Hoje, um novo campo da ciência se desenvolveu para determinar como as mudanças climáticas afetam diretamente os eventos extremos. Desde 2004, os cientistas publicaram mais de 170 estudos sobre o papel das mudanças climáticas induzidas pelo homem em 190 eventos extremos.

Descobriram que elas aumentaram o risco de incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos, chuvas extremas na China e seca na África do Sul e no Brasil. Neste artigo, vamos mostrar as intervenções humanas ao longo do tempo, e como elas vem gerando transformações no clima e alterando as dinâmicas ambientais, levando a ocorrência de eventos extremos em todo o mundo.

O QUE É MUDANCA CLIMÁTICA?

A mudança climática refere-se a alterações de longo prazo nas temperaturas e nos padrões climáticos. Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal motor da mudança climática, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.

A prática de vincular eventos climáticos a mudanças climáticas influenciadas pelo homem é chamada de estudos de atribuição. A cada ano, o Boletim da Sociedade Meteorológica Americana publica um relatório avaliando eventos extremos em todo o mundo ocorridos no ano anterior no contexto das mudanças climáticas. Foram mais de 150 estudos de atribuição analisando eventos climáticos em todo o mundo e as conclusões são as seguintes:

CALOR EXTREMO

Quase todos os estudos sobre eventos de calor extremo indicam influência humana.

SECA

Cerca de metade dos estudos sobre a seca mostram uma influência humana significativa.

CHUVAS EXTREMAS

Um número menor, mas crescente, de estudos sobre chuvas extremas detecta um sinal humano.

TEMPESTADES TROPICAIS E FURAÇÕES

O quadro aqui é complexo. Há fortes evidências de que a elevação da temperatura do mar aumenta a intensidade das tempestades tropicais. Isso gera também o crescimento do nível do mar e o risco de inundações costeiras.

A pesquisa e o aprimoramento contínuos no campo da atribuição de eventos extremos podem ajudar a descobrir com mais precisão como as transformações no clima afetam os eventos climáticos extremos – e como mudar esse curso.

QUAIS OS DANOS HUMANOS GERADOS PELOS EVENTOS EXTREMOS

Os desastres são responsáveis por danos humanos, materiais e ambientais, e, a cada ano, eventos negativos como a seca e o excesso de chuvas tornam-se cada vez mais severos em decorrência das mudanças climáticas e também da intervenção humana.

Os impactos de um desastre podem causar o interrupção dos serviços essenciais como o abastecimento de água e energia, gerar prejuízos econômicos e financeiros às propriedades públicas e privadas, agricultura, indústria e comércio. Além de provocar mortes, ferimentos, doenças e outros diversos efeitos negativos ao bem-estar da população afetada.

QUAIS AÇÕES HUMANAS AFETAM A PRODUÇÃO DOS GASES DE EFEITO ESTUFA?

Há uma série de atividades humanas que sabemos serem prejudiciais ao clima. Dentre elas, estão:

GERAÇÃO DE ENERGIA

A eletricidade nas termelétricas acontece por meio da queima de combustíveis fósseis.  No Brasil, o setor de Energia foi responsável por 19% das emissões.

TRANSPORTE

Carros, ônibus, trens, caminhões, navios e aviões, (a menos que sejam elétricos e carregados com energia renovável), todos produzem emissões pela queima de combustíveis fósseis. No Brasil o setor de transportes é o maior responsável pelas emissões de gases efeito estufa nas cidades, lembrando que as mesmas fontes emissoras são as maiores responsáveis pela poluição do ar nas cidades.

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

O gado criado para a carne e os laticínios emitem metano, e os solos agrícolas emitem gases como o óxido nitroso, que é produzido a partir do nitrogênio do solo por meio do uso de fertilizantes. À medida que a produção de alimentos aumenta (com mais fertilizantes, mais gado e a necessidade de mais culturas para alimentar o gado), as emissões também aumentarão. 

DESMATAMENTO

As árvores armazenam carbono à medida que crescem, cortar ou queimar árvores libera esse carbono na atmosfera. Dados da nova versão do Monitor do Fogo, lançado pelo MapBiomas mostram que as queimadas no Brasil cresceram 7% na Amazônia e 3.3 % no Pampa nos sete primeiros meses do ano para desmatamento e a ampliação das áreas de pastagem e atividades econômicas ligadas à agropecuária.

No Norte e no Sul o território brasileiro queimado é de 2.932.972 hectares. Embora maior que o estado de Alagoas, essa área é 2% menor do que a que foi consumida pelo fogo no ano passado. Porém na Amazônia e no Pampa a situação é diferente: esses são os únicos biomas com aumento na área afetada pelo fogo.

Na Amazônia o fogo atingiu uma área de 1.479.739 hectares, enquanto que no Pampa foram 28.610 hectares queimados entre janeiro e julho de 2022. Nesse período, foi registrado um aumento de 7% (ou mais de 107 mil hectares) na Amazônia e de 3372% no Pampa (27.780 ha).

Em outras partes do mundo, as florestas naturais são desmatadas para extração de madeira, mineração ou óleo de palma.

INDÚSTRIA

Desde que a Revolução Industrial no século 18 no Reino Unido, os seres humanos queimaram combustíveis como carvão, petróleo e gás para impulsionar indústrias de grande escala. As emissões industriais vêm da produção de cimento, ferro, aço, eletrônicos, plásticos e roupas. Todos os países são agora amplamente dependentes de combustíveis fósseis para construir e sustentar suas economias.

De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o Brasil emitiu 2,2 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) em 2019. O setor de Processos Industriais e Uso de Produtos (PIUP) teve responsabilidade por 5% do total emitido no país.

PLÁSTICOS E RESÍDUOS

Os plásticos são feitos de combustíveis fósseis, liberando emissões através de sua produção. Globalmente, cerca de 40% dos plásticos são usados como embalagens. Como tão pouco é reciclado, lidar com resíduos libera emissões quando incinerados (queimados) ou colocados em aterros – tornando-se um problema climático maior do que parece inicialmente.

De acordo com levantamento do Departamento de Economia do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), a permanência de lixões para descarte de lixo no Brasil e a queima irregular de resíduos respondem por cerca de 6 milhões de toneladas de gás de efeito estufa ao ano (CO2eq).

 QUAIS AS CAUSAS DA MUDANCA CLIMÁTICA?

A principal causa das mudanças climáticas é a queima de combustíveis fósseis geradas pelas atividades humanas – como a extração de carvão, petróleo e gás – para produzir energia e transporte.

Juntamente com outras atividades humanas, como o corte e queimadas de florestas e a agricultura, são liberados gases que retém o calor, chamada gases de efeito estufa, aquecendo o planeta e desestabilizando o clima.

Registros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas indicam que a temperatura média global elevou pelo menos 0,4 graus Celsius desde a década de 1970 e que, em 2100, poderá aumentar para cerca de 4 graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais.

O mundo está agora aquecendo mais rápido do que em qualquer ponto da história humana. Os efeitos são condições climáticas extremas, como chuvas fortes ou secas, mudanças de longo prazo nos padrões climáticos, derretimento do gelo e aumento do nível do mar. As mudanças climáticas já causam enormes impactos nas pessoas e no meio ambiente em todo o mundo.

COMO OCORRE A MUDANCA CLIMÁTICA? 

A mudança drástica se deve ao aumento das emissões de gases de efeito estufa como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, que retêm o calor na atmosfera da terra, tornando o planeta mais quente. Uma atmosfera assim, afeta o ciclo da água porque o ar mais quente pode conter mais vapor de água.

Na verdade, a capacidade do ar de reter vapor de água aumenta em 7% com a elevação da temperatura de 1 grau Celsius. Isso, juntamente com as temperaturas mais quentes do oceano, leva a uma precipitação mais pesada. E chuva forte pode causar problemas como inundações e deslizamentos de terra.

Um aumento na precipitação vem com mais períodos de seca intensa também. Essencialmente, a mudança climática faz com que os lugares úmidos se tornem mais úmidos e os lugares secos mais secos, alterando os padrões de circulação atmosférica em grande escala.

Temperaturas mais quentes na terra levam à redução do acúmulo de neve e derretimento precoce e evaporação da água dos corpos de água doce. O calor extremo pode levar a ondas de secas mais frequentes, severas e prolongadas e pode piorar os incêndios florestais, que são mais difíceis de apagar quando a temperatura do ar é alta e a umidade do solo é baixa.

COMO O BRASIL ESTÁ SOFRENDO COM AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Um estudo recente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que entre 01 janeiro de 2013 a 05 abril de 2022, os desastres naturais causaram R$ 341,3 bilhões de prejuízos em todo o Brasil.  Entre o período analisado, o Brasil registrou milhares de desastres, com elevadas perdas ambientais, materiais e fatalidades. Segundo as estimativas dos municípios, os mais de 53,9 mil decretos afetaram mais de 347,4 milhões de pessoas.

O levantamento considerou os resultados reportados ao Ministério Desenvolvimento Regional, até o dia 05 de abril de 2022, totalizando 53.960 decretos de anormalidade no período, distribuídas em 93% das cidades brasileiras.

Portanto, entender a natureza e a dimensão desses impactos continua sendo crucial para a determinação de políticas de combate ao aquecimento global. E mais, a minimização dos impactos com a mudança do clima requer um esforço global e coordenado de ações de mitigação e adaptação que vão requerer um forte compromisso das gerações presentes e futuras de cada país.

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